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Foto do escritorBrunno A. Nóbrega

"Andar na ponta dos pés... pode ser sinal de alerta?"

Atualizado: 8 de mar. de 2022


Acervo WIX

Fontes


Consensos Brasileiros de Ortopedia e Traumatologia. SBOT (Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia). São Paulo, Agência NaJaca, 2019.


Curr Probl Pediatr Adolesc Health Care. 2017 Jul;47(7):156-160.


Introdução

Andar na ponta dos pés é uma variação comum do desenvolvimento normal da marcha em crianças. Mas, se a criança mantiver esse hábito após os 2 - 3 anos, necessitará de avaliação para investigação de possíveis causas:

-Tendão de Aquiles curto congênito.

-Distúrbios neuropáticos ou miopáticos.

-Paralisia cerebral (encefalopatia crônica não não progressiva infantil).

-Alterações do desenvolvimento.

-Alterações neuropsiquiátricas, incluindo a condição do espectro do autismo.


Quando não há condições médicas associadas à marcha persistente na ponta dos pés, a mesma é chamada de idiopática.


Exemplo -> garoto saudável, com 5 anos de idade, mantém hábito de andar na ponta dos pés, frequentemente

-Desenvolvimento motor normal.

-Atraso da fala.

-Descrito pela mãe como uma criança "distante".

-Tendência a birras.

-Histórico familiar -> sem dados dignos de nota.

-Avaliação clínica -> criança anda na ponta dos pés sem apoiar os calcanhares durante a maior parte do tempo; tornozelos dorsofletidos pelo médico para a posição neutra, bilateralmente. Sem achados sugestivos de alterações neuromusculares.



Atualmente, a condição do espectro do autismo é o transtorno neuropsiquiátrico com o maior número registrado de indivíduos que andam na ponta dos pés. Há a hipótese de que essa alteração seja resultado de uma disfunção do processamento sensorial.


O movimento motor grosso coordenado depende de um sistema sensorial intacto. O sistema sensorial é responsável pelo feedback proprioceptivo (orienta o posicionamento e a postura corporais). Os déficits do sistema sensorial, portanto, levariam à dificuldade de coordenar os movimentos e normalizar a postura. As crianças com autismo podem ter disfunção sensorial , mais especificamente, disfunção da integração sensorial.


A integração sensorial refere-se à organização neurológica e à interpretação do estímulo sensorial, pelo corpo, a partir do ambiente. Uma criança com disfunção da integração sensorial será desafiada pelas deficiências em relação a estímulos táteis, vestibulares (rotação, movimento oscilatório, movimentos para cima e para baixo) e proprioceptivos (sentido de posição).


Há várias teorias acerca do estímulo sensorial disfuncional levar à marcha na ponta dos pés. Algumas das explicações propostas descrevem o padrão de marcha como uma busca sensorial; por exemplo, pressionar a planta do pé poderia estimular receptores táteis na pele; a marcha saltitante de andar na ponta dos pés poderia influenciar a estimulação vestibular; mudanças no posicionamento do corpo através da caminhada na ponta dos pés poderiam alterar o feedback proprioceptivo para joelhos e tornozelos.


Por outro lado, outras teorias sugerem que andar na ponta dos pés seria um comportamento de evitação sensorial, como andar na ponta dos pés para reduzir o contato da superfície com o solo e diminuir o estímulo sensorial para os pés.


É importante notar que foi proposto que os mesmos déficits de processamento sensorial que levam ao andar na ponta dos pés poderiam ser parcialmente responsáveis ​​pelos prejuízos sociais e de linguagem nessas crianças, pois o processamento sensorial disfuncional poderia afetar sua capacidade de interagir adequadamente com os outros.


Essas crianças correm o risco de limitação da amplitude de movimento nos tornozelos em virtude do encurtamento do tendão de Aquiles / músculos gastrocnêmio e sóleo.


http://ge.globo.com/eu-atleta/saude/noticia/2015/04/pe-equino-pode-ser-congenito-ou-adquirido-saiba-identificar-e-tratar.html


Opções de tratamento

-Observação.

-Métodos conservadores (órteses, sapatos especiais, fisioterapia, gesso seriado).

-Cirurgia (alongamento do tendão de Aquiles).

-Bloqueio mioneural dos músculos gastrocnêmios e/ou sóleo com toxina botulínica A (BTX-A) combinado com outros tratamentos? -> ensaios clínicos randomizados colaborativos, com tamanho amostral adequado, poderão responder, com propriedade maior, essa pergunta.


Os pesquisadores testaram várias práticas de terapia para corrigir o andar na ponta dos pés em crianças com comorbidades neuropsiquiátricas (condição do espectro do autismo, por exemplo), incluindo técnicas de hipercorreção e reforço auditivo. No entanto, atualmente não há opções de tratamento validadas, especificamente, para andar na ponta dos pés em crianças com alterações neuropsiquiátricas. O tratamento disponível visa à manutenção da amplitude de movimento do tornozelo por meio de alongamento, gesso, órtese, injeção de toxina botulínica e alongamento cirúrgico das cordas do calcanhar. Mas, as indicações de intervenção serão únicas para cada caso.



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